segunda-feira, 9 de agosto de 2010

METAMORFOSE NEGATIVA

Certa vez encontrei uma amiga que há muito tempo não via. E, fisicamente, já era perceptível que ela havia mudado bastante. A Camila que eu conhecia (Ah, sim! O nome dela era Camila.), era, sem dúvidas, a pessoa mais agitada do meu convívio social. Ela era realmente diferente! Vestia-se à sua maneira, combinava as cores que bem entendia, e como era linda, assim, do seu jeitinho! Amava sair! Um final de semana divertidíssimo, ao lado dela, era algo garantido! Gostava de conversar, passear, dançar, cantar, enfim, se existia, para mim, um exemplo de pessoa “de bem com a vida”, essa pessoa era a Camila. Assim que a vi, notei que ela estava diferente... E logo começamos a conversar!

- Nossa! Camila? Há quanto tempo! Que saudades da minha amiga mais maluquinha! E aí? O que anda fazendo da vida?

- Nossa! Faz um tempão mesmo, hein? Que saudade! Bom... Eu estava fazendo um curso de fotografia, lembra? Mas parei... É que o Renato me deu uns conselhos e eu cheguei à conclusão de que fotografia não tem muito futuro...

- Mas Camila... Desde que nos conhecemos você ama fotografar!!?? E quem é Renato?

- Ah, sim! É meu namorado. Eu sei, eu sei... Mas aí surgiu uma oportunidade boa de trabalho num escritório. Não tinha como recusar. Daí, então, parei o curso e estou trabalhando nisso agora.

- Não acredito! A minha amiga Camila num escritório? Nunca pude imaginar isso! Mas logo vi... Você toda de preto, de roupinha social... Só podia ser isso mesmo. Bom... Mas e a dança? Ainda participa daquelas competições de dança de salão? Nossa, lembro sempre de você quando vejo alguém dançando, Camila! Ainda não encontrei ninguém que dançasse melhor do que você!

- É... Então... Também parei com a dança... Sabe como é, né? Namorado ciumento é fogo...

- Mas Camila, você sempre amou dançar! Ele não dança? Se não, porque não aprende para dançar com você? Além do mais, não tem nada a ver dançar com outras pessoas, né?

- Pois é, amiga... Ele não leva jeito, sabe? E não ficou muito animado para aprender não... E como ele morre de ciúmes, achei melhor abrir mão, pra ficar numa boa com ele.

- Ah... Entendi... Bem... Mas, você tem saído bastante? Viajado? Nossa, lembra quando você fez todo mundo da escola acampar no meio do mato?

- Lembro sim! Bons tempos aqueles... Então... Não tenho saído muito não... Nem viajado... É que o Renato é mais “caseiro”, sabe? Temos feito uns programinhas mais assim... Meu salário tem ficado praticamente inteiro lá na locadora de vídeos perto de casa.

- Ah... Entendi... Bom, Cá, o que importa é que você está feliz, não é?

- Ah, sim, estou sim.

- Bom, vou indo, estou um pouco atrasada, mas adorei rever você!

- Eu também! Um beijão e até mais!

Naqueles menos de cinco minutos de conversa percebi o quanto minha amiga havia mudado. Mudar é bom! Mas temos que mudar sempre por nossa causa, não em função de um outro alguém... Camila tinha passado por uma metamorfose negativa, tinha perdido sua identidade, e era nítido que não estava feliz por isso... Posso apostar que ela estava vivendo a vida cheia de aventuras daquele monte de personagens fictícios dos milhões de filmes que ela estava alugando ultimamente... Já que a vida dela andava tão apagadinha...

É claro que quando namoramos temos que abrir mão de algumas coisas... Não dá para viver vida de solteira estando com alguém, não é mesmo? Mas temos que estar sempre atentos se essas coisinhas que estamos abrindo mão não são realmente importantes para nós, se fazem parte da nossa identidade.

Nunca sabemos o dia de amanhã... Dali algum tempo, esse namoro acaba, não dá certo, e você irá olhar para trás completamente arrependida desse seu intervalo de vida. E irá se perguntar: “- Caramba... Porque eu abri mão de tudo o que eu realmente gosto? Porque abri mão de ser quem eu realmente sou?”. Quando encontrar alguém por quem o seu coração bata mais forte, perceba se ele respeita a sua individualidade, se não vai querer fazer em você uma metamorfose negativa. Amar é, em primeiro lugar, respeitar o outro, as paixões e vontades do outro, é incentivar aquilo que realmente deixa o outro feliz! Afinal, se esse alguém quiser tirar de você suas vontades mais valiosas, é porque não gosta de você de verdade, não é?

Ceda às coisas que deve ceder! Não deixe de ser quem você é por absolutamente ninguém desse mundo! E saiba perceber àquelas pessoas que realmente valem à pena... Não se perca... Não se abandone... Não permita uma metamorfose negativa em seu ser... Nunca!

09 de Agosto de 2010.

Vivi Gonçalves

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